A estudante Angélica Oton, de 20 anos, é mais um bonito exemplo de superação para conquistar objetivos aos quais o contexto social muitas vezes é um obstáculo extremamente difícil de encarar. Angélica, que mora na pequena cidade de Boa Ventura, no Sertão paraibano, foi aprovada no SISU 2024 para o curso de Medicina na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Filha de mãe gari e pai vigia, a jovem não tem muitas condições de comprar material de estudo nem pagar um cursinho para se preparar para o Enem. A maneira que ela encontrou para estudar foi utilizando livros usados que foram doados.
Angélica fez o Ensino Médio como bolsista em uma escola de Itaporanga, cidade vizinha. Apesar do orçamento familiar apertado, os pais davam um jeito de pagar cerca de R$ 150 mensais para o transporte diário entre as cidades. Quando concluiu o Ensino Médio, começou a saga para estudar para o Enem visando o curso de Medicina.
A principal estratégia era responder novamente às questões dos livros que foram doados. Para isso, a mãe dela, dona Maria do Rosário, apagava com uma borracha as respostas deixadas pelo antigo dono. Enquanto isso, o pai pedia autorização para imprimir provas antigas do Enem e simulados no segundo emprego que ele acumula, em uma secretaria de escola.
Mesmo com as limitações, a estudante conseguiu a tão sonhada classificação para Medicina no SISU depois da terceira tentativa no Enem, com a média de 877,55 pontos, na modalidade ampla concorrência com bônus regional. A escolha do curso foi motivada pelo desejo de ajudar pessoas, como ela foi ajudada, e de proporcionar uma vida melhor para os pais.
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